segunda-feira, 9 de novembro de 2009

20 anos sem o Muro de Berlim

Nasci no último ano do século XX. Posso dizer que cheguei ao mundo a seis meses do fim do século XX. Não, caro leitor, não nasci em julho de 2000. Nasci em maio de 1989. Seis meses depois, em novembro, o ano terminaria, levando com ele um século extremado.

O historiador Eric Hobsbawm encaixa toda a efervescência do século XX entre os anos de 1914 e 1989, ignorando os 13 anos anteriores, e os 11 posteriores. O século começaria com a eclosão da Primeira Guerra Mundial e terminaria com o fim da Guerra Fria, intercaladas pela Segunda Grande Guerra, motivada pela Primeira, e tendo como resultado a bipolarização do mundo.
Thefalloftheberlinwall1989 A queda do Muro de Berlim, que  não só dividia a Alemanha em Oriental e Ocidental, chefiada por cada um dos vencedores da Segunda Guerra, mas que dividia o mundo entre comunistas e capitalistas, foi o marco para o fim daquele século.

A importância histórica do 09 de novembro de 1989 culmina na implosão do comunismo, com o fim da União Soviética, e o desfecho de uma guerra que durante meio século deixara a humanidade à beira de sua dizimação. O confronto bélico nuclear entre as duas potências foi frio, mas quente o suficiente para fazer vítimas desde os países da cortina de ferro europeia, passando pelo Vietnã e chegando à América Latina, sem se esquecer de deixar a marca de suas garras no Brasil.
Guerra Fria 1940 - 1989 herzog
A bipolarização do mundo após a Segunda Guerra Mundial foi responsável por guerras e ditaduras insufladas em ambos os lados e que até hoje fazem vítimas. A queda do muro representou o fim daquele século, considerado por muitos, sangrento, mas não representou o fim da desunião de um mundo cada vez mais, ironicamente, globalizado.
adeuslenin
Talvez uma das cenas do cinema contemporâneo mais emocionantes seja a que resume o filme do alemão Wolfgang Becker, “Adeus, Lênin!”, em que a estátua do revolucionário chefe de Estado russo é transportada por um helicóptero após o fim da divisão alemã, deixando com que a personagem enganada pelo filho que recria toda a Alemanha Ocidental já inexistente, caia literalmente na real. E talvez esta cena tenha se passado pela cabeça de muitos que veem no socialismo a solução para os problemas do mundo, sem se esquecer que a solução está somente no ser humano.

O muro pode ter caído, mas a divisão continua a existir no chamado “muro interior”. Na própria Alemanha ainda existe o sentimento de inferioridade por parte do leste, embora tenha facilmente agregado a economia capitalista a suas vontades. O mundo globalizado vê de forma cada vez mais abrangente as desigualdades que um dia o socialismo quis combater, e isso só é possível 20 anos após o fim dessa divisão, porque tudo foi em vão.

De nada adiantou brigar pela hegemonia. Os interesses defendidos não foram em nome da humanidade, mas somente em nome de homens, de alguns homens…

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