“Tios e Tias”. Aproximando-se de São Paulo, ao colocar um nome na língua italiana, Caetano Veloso, em seu novo álbum, lembra ainda a forma como somos abordados nas ruas. Somos tratados por tios, uma forma de intimidade, embora o distaciamento seja bem maior.
Zii e Zie tem como cenários um Rio de Janeiro chuvoso, a base de Guantánamo, o carnaval da Bahia, e Portugal. São Paulo só no nome mesmo, e ainda assim, uma tentativa…
O ritmo é temperado por samba e rock – transamba -, e em algumas músicas o som predominante remete ao axé music. Essa mistura garante um CD gostoso de se ouvir, gostoso como a “menina preta do biquíni amarelo”.
Os protestos ficam por conta da intensa “Perdeu”, sobre um menino que entra para o tráfico, “Falso Leblon”, bairro onde mora Caetano, que é retratado na música em meio às drogas, e claro, “Base de Guantánamo”, música-chiclete (“A base de Guantánamo/A base/Da baía de Guantánamo/A base de Guantánamo/Guantánamo”), sobre a relação dos EUA pré-Obama com os Direitos Humanos.
No disco ainda há espaço para responder que “Lobão tem Razão”, regravar “Ingenuidade” e a hilária “Incompatibilidade de Gênios”, dizer que está “Tarado ni Você”, e ainda brincar com a canção “Menino do Rio”, criando a versão para Portugal, “Menina da Ria”. Entre as românticas, e uma das melhores músicas do álbum, está “Sem Cais”, com melodia de Pedro Sá, que encabeça a banda jovem do cantor que completa 66 anos.
O novo trabalho é resultado do blog OBRA EM PROGRESSO, e dos shows realizados a partir de suas criações. Segundo Caetano, “o site acabou”. Ele gostou da experiência, mas não continuará a mantê-lo. Um experimento que fez de Caetano Veloso um homem de seu tempo.
Excelente obra.
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