por Felipe Turioni Martins
Em 1955, a negra Rosa Parks foi presa por sentar-se em banco reservado a brancos em um ônibus nos EUA. Neste mesmo ano, o também negro Martin Luther King, inicia um movimento contra o uso dos transportes públicos. As empresas de ônibus faliram. Começava o movimento pelos direitos civis dos afro-americanos.
Dois anos depois, os negros passam a ter o direito a frequentar universidades no estado do Arkansas. Em 1964, Martin Luther King recebe o prêmio Nobel da Paz. Ele tinha um sonho. Em 1968, tentaram impedir que esse sonho se tornasse realidade, o ativista negro é assassinado.
Cinquenta e três anos depois da prisão de Rosa Parks, e quarenta da morte de Martin Luther King, esse sonho se torna realidade. "Tenho um sonho de que um dia meus filhos sejam julgados pelo caráter, não pela cor da pele", bradou King para um multidão que se encontrava em frente ao Memorial Abraham Lincoln, em Washington. Ontem, 4 de novembro de 2008, julgaram um homem por seu caráter.
Barack Hussein Obama, negro, descendente de muçulmanos, e ser humano, acima de tudo, foi eleito o 44º presidente dos Estados Unidos da América. Em seu discurso da vitória, em Chicago, onde sua vida política foi construída, uma confirmação de que "Sim, nós podemos!" - seu lema durante a campanha presidencial. Obama emocionou os EUA e o mundo.
Duzentos e quarenta mil pessoas num parque de Chicago à espera do mais novo presidente eleito dos EUA. Obama, sua mulher, Michelle, e suas duas filhas, Malia e Sasha, surgem de mãos dadas. Uma família ao encontro de seu povo. Um Obama diferente aparece, austero, confirma a que veio, e como em toda sua campanha não menciona o fato de ser o primeiro presidente negro a ocupar a Casa Branca. É humano, e isso basta.
Otimista, Barack disse: "Se alguém duvida que neste país tudo é possível, a resposta está aqui". Um população de todas as cores e credos compareceu em peso às urnas, e ali, naquela multidão, era representada por gritos, sorrisos e lágrimas, também de todas as cores e credos.
Dirigindo-se ao mundo, disse: "Nós podemos ter histórias diferentes, mas nosso destino é comum, e vocês estão vendo nascer uma nova liderança americana". Uma nova administração que carrega uma herança maldita: a ambição de Bush, suas guerras, o ódio do mundo, e ainda o temor pela recessão.
A repercussão pelo planeta foi carregada de esperança. Palestinos e israelenses esperam a paz. O Irã quer melhor relacionamento. Hugo Chávez também espera uma mudança na relação com os EUA. "Aos que querem destruir o mundo, nós vamos derrotar vocês. Aos que buscam a paz e segurança, nós vamos apoiar vocês", disse, e acrescentou: "O poder de um país não deve ser medido pelo número de armas ou por sua riqueza, mas pelo poder de seus ideais".
Ideais, que fizeram um negro chegar à liderança de uma super-potência que tentará se reerguer, mostrando que a vitória está ao alcance de todos.
E que o maior vitorioso seja o mundo!
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