domingo, 27 de janeiro de 2008

Governo brasileiro e CIA teriam assassinado Jango em 1976

'BRASIL MANDOU MATAR Jango' - FOLHA DE S.PAULO 27/01/08

cp27012008Em entrevista exclusiva ao jornal Folha de S.Paulo deste domingo, o ex-agente do serviço de inteligência do Uruguai, Mario Neira Barreiro, disse que o presidente brasileiro deposto em março de 1964, dando lugar à Ditadura Militar, João Goulart, foi morto a pedido do Brasil.

Oficialmente, Jango - após retorno ao Brasil - , morreu em 6 de dezembro de 1976 em sua fazenda, em Mercedes, de infarto. Como era cardíaco, a família aceitara inicialmente, mas dúvidas surgiram com o fato do corpo não ter sido necropsiado e a família recebê-lo em caixão lacrado.

Mario Barreiro disse à repórter Simone Iglesias na penitenciária de Charqueadas (RS) que cápsulas de veneno desenvolvido com ajuda da CIA eram colocados nos frascos de remédios para o coração de João Goulart. Ainda sobre a CIA, o uruguaio disse que ela pagou fortunas para obter informações do ex-presidente, que sofreu um golpe após anunciar reforma agrária com desapropriação de terras no Brasil.

comicio_da_central

A participação do Uruguai - país onde Goulart se asilara - aconteceu porque o país era completamente dependente do Brasil.

O ex-agente disse que o assassinato ocorreu por interpretações erradas de suas escutas. Jango não teria dito nada muito grave, apenas que queria voltar ao Brasil. Mas para os EUA e o governo militar brasileiro, ele era perigoso.

João Goulart e Barreiro chegaram a se encontrar no que Goulart lhe teria dito: "Tu estás me vigiando. Acha que sou bobo? Fui presidente do Brasil porque sou burro?".

A ordem da execução teria partido do então presidente Ernesto Geisel, e finalmente ordenada pelo, à época, delegado do Dops de São Paulo, Sérgio Fleury, morto em 1979.

A Folha de S.Paulo entrou em contato com o exército brasileiro, que respodeu que não existe ninguém hoje capaz de responder essas questões. Na embaixada dos EUA, a resposta foi que todos os funcionários que trabalhavam lá naquela época deixaram o Brasil. A assessoria do governo urugauaio disse que se houver importância esclarecerá as questões após a publicação da reportagem.

Mario Neira Barreiro cumpre pena na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas por tráfico de armas, falsidade ideológica, roubo e formação de quadrilha.

Nenhum comentário: