Morreu na tarde de hoje, 12 de outubro de 2007, a maior referência do teatro brasileiro. Paulo Autran tinha 85 anos e foi internado na tarde de ontem com problemas no intestino. Paulo lutava contra um câncer no pulmão.
Fumante, se afirmava burro pelo vício, mas não largava o tabaco. Assim como não largava o palco, nenhum pouco encarado como trabalho. O teatro era sua vida.
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Dizia que só se emocionava em público quando um personagem exigia, mas ao receber o prêmio BRAVO de melhor ator em 2007, se emocionou ao se despedir da carreira. O mito não tinha mais condições de saúde para lidar com sua energia de palco. Sua nonagésima, e última, peça, "O Avarento", levou milhares ao teatro durante um ano, e se encerrou no auge após o ator passar mal durante uma apresentação, que o fez se despedir dos palcos, de sua vida. Dizia que não gostava de quem se aposentava, disse que enquanto pudesse, estaria nos apalcos. Paulo Autran foi homenageado neste ano em São Paulo com um teatro que leva o seu nome.
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A estrela de artista nasceu com a desilusão na carreira de advogado. Em 1947 encenou sua primeira peça com o grupo Artistas Amadores, motivado pela grande amiga Tônia Carrero, quem defendeu com cuspidelas ao crítico Paulo Francis. Durante a ditadura, fez uma peça entitulada com a palavra mais temida pelos militares, "Liberdade, Liberdade". Na televisão fez poucos trabalhos, mas todos memoráveis. Ao lado de Fernanada Montenegro eternizou a guerra dos sexos, na novela de mesmo nome.
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Experiência pessoal:
Aqui do interior é difícil uma pessoa ter experiências marcantes com grandes personalidades. Tão difícil que eu só tenho uma.
Março de 2006. Paulo Autran me levou pela primeira vez ao hospital. O ator quebrou meu nariz! Foi na saída de sua peça "Adivinhe Quem Vem Para Rezar" no Teatro Municipal de Araraquara, que uma (é verdade!) folha de coqueiro caiu sobre meu nariz. Fui imediatamente para o hospital, onde fui internado para uma cirurgia reparadora. A peça teve um dia a mais para apresentação devido ao esgotamento dos ingressos. Não consegui ir na primeira apresentação, fui na segunda (pra mim seria o máximo ver o ícone do teatro brasileiro na minha cidade, queria muito ir, e não me arrependo), quando aquele alto coqueiro resolveu soltar aquela imensa folha sobre meu septo. Cômico!
Paulo Autran, inesquecível.
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