terça-feira, 19 de junho de 2007

Grupo COC vende apostila "com viés ideológico"

do Jornal de Araraquara, 16 e 17 de junho de 2007
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Mãe ganha na Justiça o direito de protestar contra o colégio da filha. Na cartilha sobra ideologia e falta conteúdo
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Essa ementa, bigode ou linha fina na reportagem de Veja é um libelo acusatório para o Grupo COC cujas apostilas, de geografia e história, são utilizadas em classes do Ensino Médio de 200 escolas particulares do país. No box, tendo por título: "erros e dogmas esquerdistas", um dos trechos das apostilas da 1ª série do ensino médio do COC e do Colégio Pentágono, assinala: "A escravidão no Brasil é justificada pela condição de inferioridade do negro, colocado como animal, pois era 'desprovido de alma'(...). Além da Igreja, que legitimou tal sandice, a quem mais interessava tamanha besteira?". (Capítulo "Nós e a história", pág. 97 da apostila do COC)
Em seguida, o comentário: a igreja já era, então, contrária à escravidão. O papa Paulo III escreveu, em 1537: "ninguém deve ser reduzido à escravidão".
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Reconhece o erro que chegou ao Judiciário
O COC, por sua vez (informa a revista em questão), avisou que fará uma revisão de suas apostilas, usadas por 220 000 estudantes. Reconhece Chaim Zaher, o dono do grupo: "erramos mesmo".
Na mesma reportagem, alguns educadores demonstram a preocupação. "Os jovens estão expostos a uma salada de slogans que não esclarecem nada sobre o mundo em que vivemos - isso só emburrece", diz o filósofo Roberto Romano.
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Professores do COC-Araraquara não admitem erro (aceito pelo dono do Grupo COC, Chaim Zaher)
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Declaração oficial do Sistema COC
Conforme é possível verificar na reportagem, o Sistema COC de Educação e Comunicação não teve a oportunidade de se manifestar publicamente, embora tenha entrado em contato por telefone com as jornalistas responsáveis pela matéria na quarta-feira, dia 06 de junho, e enviado por escrito a sua versão dos fatos.
Algumas divergências inevitavelmente ocorrem em processos editoriais e o Sistema COC de Ensino, mesmo mantendo um rigoroso controle de qualidade no setor de revisões e de leitura crítica do seu material didático por diversos professores e membros do conselho editorial, pode se deparar com algumas divergências de interpretação, inerentes às ciências humanas, como as que foram levantadas pela reportagem, principalmente se considerarmos as questões de cunho ideológico.
Lembramos que os Trechos mencionados pela reportagem que pertencem ao material do Sistema COC se encaixam nesta linha de divergência de interpretação. O trecho de um material complementar de redação produzido por uma de nossas escolas parceiras sofreu o mesmo tipo de crítica, apesar de extraído do vestibular da UFMG- Universidade Federal de Minas Gerais.
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Declaração de Paulo Henrique Rettondini, coordenador do ensino médio e pré-vestibular do COC de Araraquara
O COC tem 200 mil alunos e estranhamos a postura da Veja de pegar a reclamação de somente uma mãe e colocar em duas páginas da revista e não ter o trabalho de ouvir os autores do material. A revista ouviu o dono do Sistema COC, mas que não tem o conhecimento de história para poder dizer se o conteúdo do livro está certo ou errado.
Na reportagem é mostrado um depoimento do dono do COC dizendo que o livro está errado e será corrigido mas, na verdade, não existirá correção pois o material não está errado.
Não temos a pretensão de dizer que nosso material não tem erro, mas anualmente ele é revisado e se houver necessidade de fazer alguma mudança, inclusive em relação a isso que foi colocado, a editora fará o que for necessário. De acordo com os professores e autores do material não há nada de errado com o texto da apostila.
A Mulher simplesmente pegou um texto da apostila que fala do Marxismo e não pegou o resto do material onde fala das outras linhas de pensamento. Aquilo que está no material é uma verdade, não contém erro e não será corrigido. Pode ser que tenha pessoas que interpretem de outra forma, mas não existe algum tipo de erro. Se houver a necessidade de corrigir, por exemplo, a linguagem utilizada ali, ela será corrigida.
Outro erro da reportagem é falar que o Colégio Pentágono, que é parceiro do COC rescindiu o contrato. Isso é mentira ou ninguém do Sistema COC foi avisado ainda. Até hoje o sistema COC não foi informado de nenhum tipo de rescisão. O texto criticado como pornô-Marxismo foi extraído da apostila usada no Colégio Pentágono, parceiro do COC, e esse texto foi retirado do vestibular de 2005 da UFMG.
A mãe da aluna critica o material como se ele levasse os alunos a preferir o pensamento Marxista e na verdade o material abre a discussão sobre diversas vertentes.
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Declaração de Fábio Geraldo Romano, professor de história do COC de Araraquara- Ensino Médio e Pré - Vestibular
O conteúdo da matéria passou uma informação equivocada e vende uma idéia de que o material não tem qualidade e é esquerdizante e ideologizante. O material do COC fala de coisas, em termos históricos, que todos os demais materiais falam. Na matéria eles recortam trechos da apostila e fazem interpretações, mas retirar uma frase do contexto e julgá-la é complicado. No contexto as frases se explicam e se juntam a outras informações para explicar uma linha de pensamento mas o material também expõe outras visões. Esse material passou por um Conselho Editorial e se ele vende ideologia, com certeza não seria num material de escola particular que está ligada ao mercado. Que critica poderia fazer ao capitalismo?
Na matéria, pessoas renomadas dizem que hoje em dia os materiais em geral quase não ensinam mais nomes e datas. Então nós vamos voltar ao tempo em que ensinar história era decorar nomes de heróis e a data de acontecimento? E a visão social?
O material foi muito elogiado pelas coordenações e, portanto, falta a Veja ouvir o outro lado, pois, a matéria foi publicada de maneira parcial e isso é desmerecer o nosso trabalho".

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